A política de drogas adotada pela ONU desde 1999 considera que usar, produzir e comercializar drogas é crime. A meta adotada pelos países membros previa a erradicação das drogas num período de 10 anos. O prazo, no entanto, está chegando ao fim sem que se tenha qualquer avanço neste sentido.
Verifica-se aumento no consumo de drogas em quase todos os países da América Latina. Os dados indicam que a política de "guerra às drogas", defendida principalmente pelos Estados Unidos, não está dando resultados, e mais: especialistas apontam que ela ainda é responsável pelo surgimento de uma série de novos problemas, como o aumento da violência armada e a explosão da população carcerária. De acordo com o último Relatório Mundial sobre Drogas (pdf em inglês), publicado anualmente pela ONU, 4,8% da população mundial entre 15 e 64 anos usaram drogas em 2007. O estudo também aponta o Brasil como o segundo maior consumidor, atrás apenas dos EUA.
Em 2009, a ONU voltará a discutir o tema e fará uma revisão desta política, abrindo uma brecha para a busca de novos modelos. As políticas de redução de danos, adotadas amplamente na Europa, trazem uma abordagem do tema pela via da saúde pública, e não da segurança. Para alguns ativistas, é a forma ideal de tratar a dependência e o abuso de drogas, separando esta questão do problema causado pelo uso de armas de fogo e pelo domínio de territórios por traficantes. Para outros, as drogas deveriam ser completamente legalizadas. Há ainda os que acreditam que a "guerra às drogas" deve continuar. Norte-americanos e europeus parecem ter claras as suas opções. E os latino- americanos, que modelo devem defender?
Para responder essa pergunta, foi criada a Comissão Latino-Americana Sobre Drogas e Democracia, com a missão de contribuir para a discussão com o olhar latino-americano. É tempo, portanto, de renovar o debate. Com esse objetivo, o Comunidade Segura reúne neste dossiê reportagens e entrevistas exclusivas, além de documentos sobre a problemática das drogas e seus desdobramentos na região.
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